A reflexão que se segue não é nova, faz parte do trabalho final de uma disciplina de Tecnologias Educativas e já foi avaliada... Contudo, é pertinente e actual e já que este é um espaço também dedicado às tecnologias e à formação, porque não??
As Escolas são fruto de uma dialéctica muito interessante… elas reflectem a cultura e os valores da sociedade, mas simultaneamente a cultura e os valores constroem-se, em grande parte nas escolas. A Sociedade da Informação já não nos serve. O desenvolvimento de uma Sociedade do Conhecimento, esse sim, é fundamental. Os nossos alunos, convivem 24h / dia com um sem número de “informação instantânea”, num mundo onde as imagens e o movimento incorporam e complementam a informação que há 20 anos era apresentada através de textos em formato de papel. Os nossos alunos habituaram-se a controlar o fluxo e o acesso à informação, quer através das consolas, dos programas multimédia, do telemóvel, do telecomando e da televisão interactiva. Os nossos alunos, quando chegam à escola, transportam já uma imagem do mundo que ultrapassa as informações dadas pelos meios familiares, pelos professores e pela escola. Mas, se é verdade que os jovens controlam e escolhem a informação, será verdade que o saberão fazer? Não; eles precisam de orientação, e o professor desempenha neste contexto um papel fundamental. Recentemente pedi a um grupo de formandos que me apresentasse um trabalho sobre os aspectos positivos e negativos da globalização. Todos os formandos sem excepção, socorreram-se da Internet para recolher informação. Em uma dezena de jovens, não encontrei um trabalho que não fosse “copy past” de páginas de Internet, algumas delas muito pouco fidedignas, duvidosas e escritas em português do Brasil. Qual o novo papel do professor actual? Os professores devem sobretudo ensinar as crianças e jovens a avaliar, gerir e a tratar convenientemente a informação que acedem. O papel do professor não se dissolve com as novas tecnologias, antes se transforma, constituindo uma oportunidade que deve ser aproveitada, tornando as aulas mais dinâmicas e atractivas. É por estes motivos importante que o Estado, e outras instituições públicas em Portugal e na UE, fortaleçam, dignifiquem e divulguem as oportunidades facultadas pelos programas públicos, mas é também importante que os professores, os alunos e a sociedade em geral se mobilizem no sentido de incentivarem a acção política, que não se quer elitista, mas sim inclusiva.
Ana Neves, 14 de Janeiro de 2005
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