"A web é uma rede mas também uma teia. Nessa teia a que voluntariamente aderimos seremos a aranha se tivermos uma estratégia. Seremos uma mosca se nos mantivermos pensando com a cabeça dos outros."
Mia Couto, Abril 2005
O computador é hoje para mim um instrumento de trabalho e académico fundamental. Certamente viveria sem ele, mas não sei até que ponto os resultados das minhas produções sem suporte informático teriam o mesmo valor, quanto mais não seja pelo aspecto estético.
A Internet é um instrumento de pesquisa e até de lazer perfeitamente excepcional. Contudo, quer a vertente informativa, quer a vertente lúdica e de lazer podem revelar-se instrumentos muito perigosos quando não sabemos utilizá-los, ou, em alguns casos, quando utilizados abusivamente.
Na educação, por exemplo (peço desculpa mas não consigo desligar-me deste fenómeno) o objectivo da pesquisa de um tema é muitas vezes subvertido. Quantos e quantos trabalhos de alunos são compilações, copy past de informação que encontraram na net. O pior acontece quando os professores pactuam com este fenómeno e passam a premiar o plágio em vez da criação. As crianças e jovens aprendem que pensar, criar, recriar, produzir para além de ser difícil não compensa. Por falta de formação ou informação de alguns professores este sistema continua a ser alimentado. Para além da falta de método, é importante que não se perca o hábito da produção escrita. Relembro alguns post antigos que publiquei neste blog a este respeito.
No lazer são inúmeros os casos de pessoas que se aproximam através dos contactos virtuais. Algumas relações sobrevivem ao choque da “carne e osso”, outras diluem-se perante o desmoronamento dos castelos de areia construídos pela fantasia.
Diria que a Internet tem a dupla função de nos aproximar dos outros ao mesmo tempo que nos isola. Lamento imenso, continuo a preferir um café numa esplanada com os meus amigos em vez de umas boas horas “batendo papo” com alguém que eu própria construí à luz daquilo que desejo. Tenho um familiar adolescente que não se relaciona com os amigos de escola fora do contexto escolar. Os assuntos e interesses de conversa parecem desaparecer fora do contexto das conversas online. Que fique claro, no entanto, que também eu fui e sou, por diversas vezes, vítima da virtualidade. Não sou contra, mas sou prudente…
Na vertente dos perigos associados ao lazer poderia ir mais longe, mas creio que não valerá a pena. Todos ouvimos histórias ou conhecemos alguém que foi vítima de abusos, por ver as suas conversas, fotos ou vídeos publicados pelo mundo inteiro e até por outras situações ainda mais tenebrosas tais como pedofilia, prostituição, tráfico sexual ou tráfico de drogas. A questão essencial aqui é que as tecnologias andam sempre à frente dos sistemas de protecção legislativa do cidadão. O domínio da Internet sendo fácil e de acesso livre é de difícil controlo e a punição dos subversivos é, muitas das vezes, difícil.
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